As células cancerosas são viciadas em açúcar (um fenômeno chamado efeito Warburg) diz o professor Nicholas Graham

“As células cancerosas são viciadas”, disse Nicholas Graham, professor assistente do Mork Family Department of Chemical Engineering and Materials Science, da USC Viterbi.

Na verdade, elas são viciadas em glicose.

O trabalho de Graham se baseia na pesquisa do ganhador do Prêmio Nobel Otto Warburg, um químico alemão que identificou pela primeira vez o apetite voraz das células cancerosas pela glicose no início do século 20, um fenômeno chamado efeito Warburg.

A equipe de Graham estudou linhas celulares de câncer in vitro e monitorou as mudanças metabólicas à medida que as células normais se tornam cancerosas.

Eles tentavam entender como as células do câncer cerebral mais resistente – o glioblastoma – e a forma mais agressiva e letal de câncer de mama – o câncer de mama triplo-negativo – se alimentam da glicose e como as vias de sinalização das células (sinais químicos que direcionam as células para tomar uma determinada ação) poderiam dar errado e alterar o metabolismo das células cancerígenas.

Pesquisando vulnerabilidades metabólicas e suas redes de sinalização subjacentes, Graham espera projetar novas terapias que possam ser úteis em contextos clínicos.

Especificamente, os pesquisadores estão alimentando as células com nutrientes marcados com isótopos e, em seguida, rastreando como esses nutrientes são incorporados nos blocos de construção das células, usando uma tecnologia chamada espectrometria de massa.

Paralelamente, eles monitoram as vias de sinalização ativadas nas células cancerígenas e, posteriormente, constroem modelos de sistemas biológicos representando como essas redes metabólicas e de sinalização interagem.

A pergunta inicial de Graham foi:

O que acontece se nós cortamos a glicose que o câncer precisa para viver?

Eliminar a glicose fez com que as células cancerosas recorressem a redes de sinalização alternativas a um grau nunca visto em células normais de câncer – ou como diz Graham, as células ficam “loucas demais”.

Isso cria um ciclo de feedback positivo. Se você hiperativar essas redes, isso pode fazer com que as células morram”.

Dito de outra forma:

“A célula cancerosa é como um carro que está dirigindo rápido sem freio”, explicou ele. “Uma célula normal sente que algo está errado (não há glicose disponível), por isso freia e pára de se dividir. Vive para ver outro dia. A célula cancerosa sente que algo está errado e começa a dirigir ainda mais rápido até embater e morrer”.

Fonte: https://magazine.viterbi.usc.edu/fall-2016/whats-next/starving-cancer/

Author: Carlos Pereira

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